Nenhum celular foi encontrado nas unidades prisionais inspecionadas durante a oitava fase da Operação Mute em Goiás, resultado que reforça a eficácia da política penitenciária adotada no estado nos últimos anos. A ofensiva nacional, coordenada pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) em parceria com forças estaduais e distrital, ocorreu de forma simultânea em vários estados brasileiros e teve como foco combater a comunicação ilegal de detentos com o mundo externo.
Em Goiás, as revistas aconteceram nos dias 30 de junho e 2 de julho, nas Unidades Prisionais Regionais de Posse, no Nordeste goiano, e de Aragarças, no Oeste do estado. Policiais penais federais e estaduais vasculharam dezenas de celas, revistaram centenas de detentos e não encontraram nenhum aparelho celular.
“Esse resultado é fruto de um trabalho árduo e eficiente na busca pela segurança dentro dos presídios, que está anulando a entrada e permanência de celulares nas unidades prisionais do estado”, afirmou o diretor-geral da Polícia Penal de Goiás, Josimar Pires.
Queda histórica nas apreensões
De 2018 a 2024, Goiás registrou uma queda de 99,36% na apreensão de celulares dentro dos presídios, passando de 6.436 aparelhos encontrados em 2018 para apenas 36 neste ano. Também houve uma redução de 73% nas tentativas de entrada de celulares por meio da Cobal — sistema de entrega de alimentos e produtos de higiene feito por familiares — ou por arremessos sobre os muros das unidades, caindo de 244 para 64 ocorrências.
Essa redução é atribuída a uma série de medidas adotadas pelo sistema prisional goiano, como o aumento da vigilância, uso de tecnologias de monitoramento, controle rigoroso de visitas e limitação da estrutura interna das celas. “Nenhuma das 86 unidades prisionais do Estado possui pontos de energia elétrica dentro das celas, o que impossibilita o carregamento de qualquer aparelho eletrônico”, informou a Polícia Penal.
Ações estratégicas e inteligência penitenciária
A Operação Mute é planejada com base em critérios de segurança e inteligência, atuando em cada estado de acordo com as necessidades e vulnerabilidades identificadas. No caso de Goiás, o desempenho das unidades de Posse e Aragarças foi considerado exemplar.
Na Unidade Prisional Regional de Posse, foram revistadas 15 celas e 164 presos, com a atuação de 29 servidores penitenciários. Já em Aragarças, 8 celas e 98 detentos passaram por inspeção, com o trabalho de 27 agentes. Ambas as ações foram concluídas sem a localização de celulares, um marco simbólico no enfrentamento ao crime organizado.
“Em Goiás, como bem diz o nosso governador: ou o bandido muda de profissão ou muda de Estado! A Polícia Penal, por meio de seus milhares de servidores, realiza um trabalho sério de combate à criminalidade prisional. O preso, aqui, cumpre pena de fato, como deve ser”, declarou Josimar Pires, em tom enfático.
Impacto nacional da Operação Mute
A Operação Mute já retirou 6.274 celulares das mãos de detentos em todo o país nas sete fases anteriores. Mais de 20 mil policiais penais já foram mobilizados nessas ações, que ocorrem simultaneamente em diversas unidades da federação.
A iniciativa tem impacto direto na redução dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), como homicídios e latrocínios, pois muitas dessas ordens partem de dentro dos presídios por meio de comunicações ilegais. Com a repressão ao uso de celulares, as organizações criminosas veem reduzida sua capacidade de articulação.
Reconhecimento ao trabalho da Polícia Penal
Os resultados obtidos em Goiás foram amplamente reconhecidos pela Senappen, que vê o modelo goiano como referência para o país. O comprometimento dos servidores penitenciários, a rigidez nos protocolos de segurança e a ausência de energia elétrica nas celas são fatores apontados como determinantes para o sucesso das ações no estado.
A Polícia Penal de Goiás ainda destacou que as medidas de segurança serão mantidas e ampliadas, com o objetivo de atingir índices ainda mais próximos de zero nos próximos anos. “Seguiremos com foco total em garantir que o sistema prisional seja um ambiente de cumprimento da lei e sem espaço para o crime organizado operar”, concluiu a corporação.
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