Empresário baleado ao perseguir assaltantes morre em hospital de Goiânia

Morreu no último domingo (30), no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol), em Goiânia, o empresário Murilo Barbosa de Oliveira, de 36 anos. Ele estava internado desde o último dia 18 de junho, quando foi baleado na cabeça durante uma tentativa de reação a um assalto em Inhumas, a cerca de 50 km da capital goiana.

Dono de uma empresa de lingerie e enxovais no município, Murilo estava em um bar com amigos quando o local foi invadido por dois criminosos em uma motocicleta. Armados, eles anunciaram o assalto e levaram pertences de quatro pessoas presentes. Em vez de esperar a chegada da polícia, Murilo e um amigo decidiram perseguir os assaltantes a bordo de uma picape Fiat Strada.

A perseguição se estendeu por algumas ruas de Inhumas até que, em um cruzamento, a picape conseguiu alcançar e derrubar os criminosos da moto. Foi nesse momento que um dos suspeitos sacou um revólver e disparou contra o empresário, atingindo-o na cabeça. Ele foi socorrido em estado grave e transferido para o Hugol, onde permaneceu internado por 12 dias até não resistir aos ferimentos.

Crime e prisão dos suspeitos
A ação criminosa foi rápida, mas o desfecho acabou sendo trágico. A tentativa de conter os bandidos, que parecia inicialmente um ato de coragem, terminou com a vida de Murilo e alterou completamente a rotina de sua família, amigos e da pequena cidade de Inhumas.

Poucas horas após o disparo, equipes do 40º Batalhão da Polícia Militar conseguiram localizar os dois suspeitos. Ambos foram presos em flagrante e seguem detidos à disposição da Justiça. A arma utilizada no crime, um revólver calibre .38, foi apreendida. Os policiais também conseguiram recuperar celulares e outros pertences levados das vítimas no bar.

Investigação e desdobramentos
De acordo com a Polícia Civil de Goiás, os dois suspeitos já têm passagens por crimes semelhantes. As investigações indicam que o ataque não foi planejado, mas sim uma ação oportunista motivada pela facilidade de fuga em uma moto e a vulnerabilidade do estabelecimento. A polícia agora aguarda a conclusão do laudo médico para incluir o homicídio na denúncia contra os criminosos.

A Promotoria deverá também se manifestar sobre o agravamento da pena dos autores por conta da morte do empresário. “É um caso emblemático que mostra os riscos da reação direta a crimes violentos. Apesar da comoção e da vontade de fazer justiça com as próprias mãos, a orientação sempre é acionar as autoridades”, disse um investigador envolvido na apuração do caso.

Repercussão na cidade
A morte de Murilo gerou grande comoção em Inhumas, onde ele era bastante conhecido tanto no meio empresarial quanto no círculo social. Sua empresa de enxovais é uma das mais tradicionais da cidade, empregando dezenas de pessoas da região.

Amigos e familiares organizaram uma vigília em frente ao hospital durante os dias de internação e, após a confirmação da morte, as redes sociais foram tomadas por mensagens de pesar e homenagens. “Murilo era um cara batalhador, que sempre quis o melhor para a cidade. Uma tragédia dessas é um golpe duro demais para todos nós”, afirmou um amigo próximo da vítima.

A prefeitura de Inhumas emitiu nota de pesar lamentando o ocorrido e se solidarizando com os familiares. O corpo do empresário foi velado e enterrado nesta segunda-feira (1º), em cerimônia que reuniu centenas de pessoas.

Segurança pública em debate
O caso reacende o debate sobre segurança pública e as respostas da população a ações criminosas. Enquanto alguns defendem a coragem de Murilo, especialistas e autoridades policiais reforçam os riscos de reações em situações de assalto.

Segundo o coronel da reserva da Polícia Militar, José Roberto Ferreira, a orientação em qualquer abordagem criminosa é a não reação. “É uma ilusão achar que a reação armada ou uma perseguição vá resolver. A vida está sempre em primeiro lugar. O ideal é sempre observar, memorizar características e deixar a polícia fazer seu trabalho”, pontua.

Apesar da prisão dos criminosos, o episódio reforça o sentimento de insegurança entre moradores de cidades do interior, que frequentemente se sentem desamparados diante da atuação de quadrilhas itinerantes.