Operação Narke desmonta ponto de tráfico próximo a escolas em Valparaíso

Uma ação coordenada do Grupo Especial de Investigação Criminal (GEIC) de Luziânia resultou na prisão de duas pessoas e no desmonte de um ponto estratégico de tráfico de drogas em Valparaíso de Goiás. Batizada de Operação Narke, a ofensiva policial foi deflagrada no bairro Parque Esplanada I, onde um homem de 30 anos e uma mulher de 25 mantinham um esquema de comércio ilegal de entorpecentes com fachada de distribuidora de bebidas.

De acordo com o delegado Rony Loureiro, responsável pelas investigações, o ponto funcionava em uma região sensível da cidade, nas imediações de unidades escolares e uma igreja, o que elevava significativamente o risco social da atividade criminosa. "O entorno desse comércio era frequentado por crianças e adolescentes, o que tornava a operação do tráfico ainda mais grave. Era uma ameaça real à segurança da comunidade e à integridade dos alunos", destacou.

Durante a operação, foram apreendidas diversas porções de maconha, haxixe e cocaína, além de insumos utilizados para o preparo e embalo da droga. A dupla foi flagrada em situação de flagrante, e as evidências coletadas indicam que o ponto funcionava de forma contínua, com movimentação diária de usuários e fornecedores.

Distribuidora de fachada

O local utilizado como base para o tráfico era, formalmente, uma distribuidora de bebidas. A atividade comercial regular servia como disfarce para esconder o verdadeiro propósito do imóvel: o tráfico sistemático de drogas. Segundo a Polícia Civil, a escolha do ponto não foi acidental.

“Eles usavam o comércio como escudo para atrair menos atenção, aproveitando a movimentação normal do bairro. A localização próxima a escolas indicava também uma tentativa de aliciamento de jovens e naturalização do consumo de entorpecentes na rotina da comunidade”, explicou o delegado Rony Loureiro.

Além dos entorpecentes, a polícia encontrou munição de uso restrito na posse do homem, o que ampliou sua responsabilidade criminal. Ele responderá também pelo crime de posse ilegal de munição, além de tráfico de drogas com agravante previsto em lei pela proximidade de centros de ensino.

Pena pode ser agravada

Ambos os detidos foram autuados em flagrante por tráfico de drogas. A pena, conforme a legislação brasileira, pode ser aumentada em até dois terços quando a atividade ilícita é praticada nas imediações de escolas, hospitais, igrejas ou outros espaços de grande circulação de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Diante da gravidade do caso, a Polícia Civil representou junto ao Judiciário a conversão do flagrante em prisão preventiva dos dois envolvidos. Também foi solicitada a suspensão do alvará de funcionamento da distribuidora, para evitar que o imóvel volte a ser utilizado com fins criminosos.

“Nosso foco é impedir que esse tipo de atividade continue a se proliferar em áreas residenciais, onde o impacto sobre a juventude e sobre a tranquilidade do bairro é devastador. Não vamos tolerar esse tipo de prática ao lado de escolas e espaços religiosos”, ressaltou Rony Loureiro.

Segurança e denúncia

A Polícia Civil de Goiás reforça que a colaboração da população é fundamental para o sucesso de ações como a Operação Narke. Segundo a corporação, denúncias anônimas foram determinantes para o início da investigação que resultou na prisão do casal.

“A população precisa entender que o silêncio fortalece o tráfico. Mas quando a comunidade denuncia, ela devolve a segurança ao seu próprio bairro”, afirma o delegado.

As denúncias podem ser feitas de forma anônima, por telefone ou por meio das plataformas digitais da Polícia Civil. A identidade do denunciante é preservada e todas as informações são tratadas com sigilo.

Reincidência e investigação em curso

A Polícia Civil ainda apura se os detidos já haviam praticado o crime anteriormente ou se há outros envolvidos na rede de distribuição. O local, segundo os investigadores, apresentava sinais de estrutura organizada, com compartimentos separados para armazenamento e preparo das drogas.

A investigação continua em andamento e outras ações podem ser deflagradas nos próximos dias, com o objetivo de localizar fornecedores e eventuais cúmplices da atividade criminosa.

A Operação Narke, cujo nome faz referência à palavra grega para “entorpecimento” — raiz etimológica do termo "narcótico" —, visa desarticular pontos de venda que afetam diretamente a rotina escolar e a segurança de crianças e adolescentes.

Política de repressão integrada

A Secretaria de Segurança Pública de Goiás tem adotado uma política de repressão sistemática ao tráfico nas regiões metropolitanas e entornos do Distrito Federal. A ação em Valparaíso faz parte de um esforço concentrado para reduzir a circulação de drogas em áreas escolares e comerciais.

Casos semelhantes já haviam sido identificados em outros bairros do município e, segundo a Polícia Civil, novas operações estão sendo preparadas para combater o aliciamento de menores e a violência relacionada ao narcotráfico.