Mão de obra carcerária é utilizada na pintura do Hospital Estadual de Luziânia
O Hospital Estadual de Luziânia (HEL), no Entorno do Distrito Federal, deu início a um projeto de caráter social e ressocializador que envolve a participação de reeducandos no processo de revitalização da unidade hospitalar. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o Instituto Patris — gestor do hospital — e conta com o apoio da administração pública local.
Os serviços estão sendo realizados por detentos selecionados conforme critérios legais e de segurança definidos pelo Depen, e consistem na pintura externa do hospital. A proposta é ir além da simples reforma estrutural: trata-se de uma ação com forte apelo social, que busca promover a reintegração dos reeducandos à sociedade através do trabalho e da qualificação profissional.
Trabalho como ferramenta de transformação e cidadania
A iniciativa não gera custos para os cofres públicos e oferece aos apenados a oportunidade de desenvolver habilidades práticas e vivenciar um ambiente de responsabilidade e disciplina. Mais do que restaurar paredes, o projeto tem como objetivo reconstruir pontes com a sociedade, inserindo os detentos em ações de impacto positivo e coletivo.
O diretor-geral do HEL, Francisco Amud, destaca que a ação transcende a simples manutenção da estrutura hospitalar. “Trata-se de uma ação social de grande impacto, pois proporciona ao custodiado a oportunidade de reintegração e valorização por meio do trabalho, beneficiando pacientes, colaboradores e toda a sociedade”, afirmou.
Segundo ele, o projeto representa também um avanço no conceito de humanização da gestão hospitalar, com foco não só no atendimento ao público, mas também na responsabilidade social da instituição.
Revitalização de espaços e acolhimento à população
Para o Instituto Patris, a parceria reafirma o compromisso com uma gestão que alia eficiência, cidadania e dignidade. A pintura da área externa do hospital é apenas a primeira etapa do projeto, que poderá ser estendido para outras áreas da unidade. A proposta é transformar o ambiente em um espaço mais acolhedor, limpo e adequado para os usuários do sistema de saúde.
“Essa parceria reafirma o compromisso do Instituto Patris com a responsabilidade social, com a humanização da gestão hospitalar e com a promoção da dignidade dos reeducandos. Para o Hospital Estadual de Luziânia, é também uma oportunidade de revitalizar seus espaços, oferecendo um ambiente mais acolhedor e digno para usuários, profissionais e acompanhantes”, completou Amud.
Segurança e legalidade no processo de seleção
Todos os participantes do projeto foram escolhidos com base em critérios rigorosos estabelecidos pelo Depen, que consideram o comportamento do custodiado, o estágio de cumprimento da pena, o perfil de risco e a aptidão para atividades laborais externas. Além disso, os reeducandos envolvidos no trabalho passam por acompanhamento técnico, psicológico e jurídico, garantindo que o processo ocorra dentro dos parâmetros legais e com responsabilidade institucional.
A participação dos detentos em ações como essa está prevista na Lei de Execução Penal, que permite o uso do trabalho como instrumento de ressocialização. O projeto tem como base os princípios de dignidade, cidadania e reintegração social — pilares fundamentais para a construção de um sistema penal mais humano e funcional.
Projeto amplia ações de reintegração na região
A utilização de mão de obra carcerária em projetos sociais e comunitários tem se tornado uma prática crescente em diversos estados do país, especialmente em regiões onde há déficit de serviços públicos e necessidade de reformas em estruturas essenciais. No caso de Luziânia, a escolha do hospital como espaço para essa primeira ação marca simbolicamente o encontro entre duas políticas públicas — saúde e segurança — voltadas para o bem-estar coletivo.
A proposta também tem um efeito indireto de conscientização da população sobre a importância da reinserção social de ex-detentos e da valorização de ações que promovem justiça restaurativa.
Hospital como espaço de transformação social
Além de ser referência na oferta de serviços médicos no Entorno do DF, o Hospital Estadual de Luziânia agora se posiciona como agente ativo na promoção da inclusão social. A revitalização com a ajuda dos reeducandos mostra que é possível repensar o papel de instituições públicas na reconstrução de trajetórias humanas e na oferta de segundas chances.
A previsão é que os trabalhos de pintura sejam concluídos nas próximas semanas, com possibilidade de extensão para outras áreas internas, conforme a evolução do projeto e a avaliação conjunta dos parceiros.
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