Córrego Santa Bárbara tem pH alterado após contaminação
A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Goiás identificou, nesta segunda-feira (23), alterações preocupantes na qualidade da água do córrego Santa Bárbara, em Padre Bernardo, após o desabamento de parte do aterro sanitário Ouro Verde. O acidente provocou o vazamento de resíduos diretamente no leito d’água, levando à suspensão imediata do uso da água para fins agrícolas, recreativos e de subsistência por tempo indeterminado.
O córrego Santa Bárbara é um afluente do Rio do Sal e era amplamente utilizado por famílias da região para agricultura, piscicultura, avicultura e lazer. O incidente mobilizou equipes técnicas da Semad, que constataram alteração no pH da água, de 5,8 para 5,3 em apenas 24 horas, indicando aumento da acidez e possível presença de contaminantes prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Espuma e resíduos químicos encontrados durante vistoria
Durante a vistoria técnica, foram observadas espumas no curso d’água, indicativo da presença de detergentes e produtos de higiene despejados com o lixo do aterro. Segundo a Semad, esse tipo de alteração reforça os sinais de contaminação química no córrego.
"Estamos diante de um impacto ambiental significativo e precisamos atuar com rapidez para evitar danos ainda maiores ao ecossistema local e à saúde das comunidades próximas", afirmou um dos técnicos da equipe da Semad que participou da análise de campo.
O órgão ambiental já anunciou que uma nova rodada de testes será realizada na próxima quinta-feira (26), para monitorar a evolução da qualidade da água e orientar as próximas ações emergenciais.
População está proibida de usar a água do córrego
Diante da situação, o governo de Goiás decidiu pela suspensão imediata do uso da água do córrego Santa Bárbara. A medida atinge diretamente dezenas de famílias que dependiam do manancial para diversas atividades de sobrevivência. A Semad recomendou que a população evite qualquer tipo de contato com a água, incluindo banho, irrigação e pesca, até que a segurança ambiental seja restabelecida.
A pasta também estuda a possibilidade de responsabilização da empresa gestora do aterro Ouro Verde e da adoção de medidas emergenciais para conter a propagação dos resíduos ao longo do curso do córrego e de seu afluente principal, o Rio do Sal.
Impacto ambiental preocupa autoridades e moradores
O deslizamento da montanha de lixo no aterro é motivo de apreensão tanto para autoridades ambientais quanto para os moradores da região. Segundo relatos de agricultores locais, o córrego vinha sendo utilizado há décadas, sem histórico de contaminações graves.
"A água sempre foi limpa. Usávamos para regar a horta, dar para os animais e até nadar com as crianças nos fins de semana", lamentou um morador que vive nas proximidades do córrego. Com a interdição, as famílias precisarão buscar alternativas para manter suas atividades diárias.
A Semad também investiga a origem e a dimensão exata do deslizamento de lixo, e se houve falhas na manutenção ou fiscalização do aterro Ouro Verde, que fica próximo ao Entorno do Distrito Federal.
Nova análise será realizada no dia 26
A próxima vistoria da Semad está marcada para quinta-feira (26), com a participação de equipes técnicas especializadas em qualidade da água e resíduos sólidos. O objetivo é obter um diagnóstico mais aprofundado sobre o nível de contaminação, as substâncias presentes e os riscos potenciais para o ecossistema da bacia do Rio do Sal.
A expectativa é que os dados ajudem a definir um plano de ação tanto para a recuperação ambiental quanto para a assistência às comunidades afetadas.
Possível responsabilização e medidas emergenciais
A Secretaria de Meio Ambiente já sinalizou que, caso seja comprovada a negligência na gestão do aterro Ouro Verde, os responsáveis poderão ser multados e obrigados a arcar com os custos de recuperação ambiental. A pasta também deverá encaminhar relatórios à Justiça e aos órgãos federais de fiscalização ambiental.
Enquanto isso, segue ativa uma força-tarefa entre a Semad, Defesa Civil, e prefeituras da região para garantir o abastecimento de água potável para as comunidades afetadas e para monitorar possíveis novos pontos de contaminação ao longo da bacia hidrográfica.
Resumo
Contaminação em córrego de Goiás suspende uso da água; pH caiu após desabamento de aterro com resíduos químicos
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