Preço do frango cai em Goiás com reflexo direto da gripe aviária no país
Os consumidores goianos estão encontrando a carne de frango mais barata nas prateleiras dos supermercados nas últimas semanas. A queda nos preços, que variou entre 15% e 20%, ocorre como reflexo da gripe aviária que atingiu uma granja comercial no Rio Grande do Sul. Apesar de Goiás não ter registrado nenhum caso da doença em suas granjas comerciais, o estado sente o impacto das restrições impostas por diversos países às exportações brasileiras.
De acordo com a Associação Goiana de Supermercados (Agos), o recuo nos preços da proteína se dá por uma redução na demanda externa, o que provocou maior disponibilidade do produto no mercado interno. “Houve uma retração nas exportações por conta do bloqueio de alguns países compradores, e isso gerou um excedente de carne de frango no Brasil. Goiás, como importante produtor, também absorveu esse efeito, e os consumidores estão se beneficiando dessa oferta maior”, explica um representante da Agos.
Goiás sem casos, mas com impactos econômicos
Especialistas do setor agropecuário explicam que, mesmo sem registros locais de gripe aviária em granjas comerciais, o mercado goiano sente a desaceleração das exportações. O estado é um dos maiores produtores de proteína animal do país e parte significativa de sua produção é destinada ao mercado externo. Com a suspensão temporária das vendas internacionais, principalmente para países asiáticos e do Oriente Médio, os estoques aumentaram e os preços caíram.
“O frango que iria para fora do Brasil agora está sendo direcionado para o consumo interno, e isso desequilibra momentaneamente a relação entre oferta e demanda. O resultado imediato é a queda nos preços ao consumidor final”, afirma o economista agrícola Rogério Martins.
Reconhecimento internacional pode reverter cenário
Apesar do cenário adverso provocado pela doença, o Brasil deu um passo importante para a retomada da normalidade no setor. Na última quarta-feira, dia 18, o país recebeu da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o reconhecimento de espaço livre da gripe aviária por 28 dias. O reconhecimento é um sinal positivo para os importadores, que poderão, gradativamente, retomar os contratos comerciais.
A OMSA adota critérios rigorosos para declarar uma região livre da doença. O prazo de 28 dias sem novos casos em granjas comerciais é um dos requisitos fundamentais. Esse reconhecimento pode acelerar a reabertura de mercados e equilibrar novamente os fluxos de exportação, o que deve, a médio prazo, impactar nos preços internos.
Oportunidade para o consumidor goiano
Enquanto o cenário externo se ajusta, os consumidores em Goiás aproveitam os preços mais baixos da carne de frango. Nos supermercados, cortes como peito, coxa, sobrecoxa e frango inteiro apresentaram reduções expressivas. A Agos recomenda atenção às promoções e à qualidade do produto, mas reforça que os estoques seguem dentro dos padrões sanitários exigidos pela legislação brasileira.
“É uma boa hora para abastecer o freezer com cortes de frango. Essa diminuição nos preços não é permanente e, conforme os mercados internacionais forem retomando as compras, a tendência é de estabilização ou até alta nos valores”, afirma o representante da associação.
Setor avícola monitora com cautela
A avicultura brasileira, reconhecida por sua excelência sanitária e pelo cumprimento das normas internacionais, segue monitorando com cautela os efeitos da gripe aviária. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mantém equipes em campo realizando ações preventivas, rastreamento e orientações a produtores e cooperativas em todo o país.
“Mesmo que Goiás não tenha sido diretamente afetado com casos da doença, os produtores estão atentos às medidas de biossegurança e seguem protocolos rigorosos para evitar qualquer risco de contaminação”, comenta o veterinário e consultor agropecuário Pedro Gouvêa.
A preocupação é que novos focos da doença, mesmo em estados distantes, possam gerar novos bloqueios comerciais. Por isso, o setor se mobiliza para reforçar a vigilância e evitar prejuízos mais duradouros. A retomada das exportações em escala total dependerá do comportamento do vírus e da confiança dos países importadores no controle sanitário brasileiro.
Expectativas para os próximos meses
Com o reconhecimento da OMSA e o trabalho contínuo de prevenção, a expectativa é que o Brasil consiga retomar a normalidade nas exportações de frango nos próximos meses. Para os consumidores goianos, a atual queda nos preços é uma janela de oportunidade, mas especialistas alertam para a possibilidade de os valores voltarem a subir assim que a demanda externa se restabelecer.
“O mercado agropecuário é muito sensível a eventos sanitários e comerciais. Basta um bloqueio para impactar toda a cadeia produtiva. Por outro lado, boas notícias, como o reconhecimento de área livre, também trazem reações rápidas. É preciso acompanhar com atenção os desdobramentos nos próximos 60 dias”, pontua Rogério Martins.
Enquanto isso, supermercados e açougues do estado seguem registrando maior procura pelos cortes de frango. A carne, que já era uma das mais consumidas pelos brasileiros, reforça sua posição como proteína mais acessível em tempos de inflação elevada nos demais alimentos.
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