Um lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), animal símbolo do Cerrado e ameaçado de extinção, foi flagrado por moradores circulando pelas ruas do bairro Jardim Céu Azul, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. O episódio ocorreu nesta semana e ganhou repercussão nas redes sociais, após vídeos mostrarem o animal visivelmente assustado tentando escapar do ambiente urbano.
A cena inusitada e preocupante acendeu um alerta sobre a presença cada vez mais frequente de animais silvestres em áreas urbanas, impulsionada pelo avanço da ocupação humana sobre o Cerrado. O lobo-guará é uma das espécies mais emblemáticas da fauna brasileira e está classificado como "quase ameaçado" de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Ver essa foto no Instagram
Captura e cuidados com o animal
Segundo informações apuradas pela Agência de Notícias Entorno de Brasília, autoridades ambientais estão mobilizadas na tentativa de localizar e resgatar o animal de forma segura, com o objetivo de devolvê-lo ao seu habitat natural. A operação busca evitar riscos tanto para o lobo quanto para os moradores da região.
Entramos em contato com a Prefeitura Municipal de Valparaíso de Goiás e até o fechamento desta matéria estamos aguardando informações do da Secretaria de Meio Ambiente sobre a capturo do animal que no momento ainda havia sido resgatado.
O Cerrado sob pressão
A presença do lobo-guará em área urbana revela uma situação preocupante: a degradação do Cerrado. Segundo dados do MapBiomas, o bioma perdeu cerca de 50% de sua cobertura vegetal original, principalmente devido à expansão agropecuária e ao crescimento desordenado das cidades. Essa destruição do habitat natural força animais silvestres a buscarem abrigo e alimento em áreas urbanizadas, aumentando o risco de atropelamentos, envenenamentos e conflitos com humanos.
Importância do lobo-guará para o ecossistema
Apesar de sua aparência imponente, com patas longas e porte médio, o lobo-guará não representa ameaça direta aos humanos. Omnívoro e de hábitos noturnos, ele se alimenta principalmente de frutos — como a lobeira, que inclusive inspirou seu nome —, pequenos vertebrados e insetos. Sua presença é vital para o equilíbrio ecológico do Cerrado, especialmente pela dispersão de sementes.
Por isso, especialistas reforçam a necessidade de políticas públicas de conservação não apenas da espécie, mas de todo o ecossistema do qual ela depende.
Moradores devem evitar o contato
As autoridades também orientam que, ao avistar animais silvestres em zonas urbanas, a população não tente capturá-los ou alimentá-los. A recomendação é acionar imediatamente os órgãos ambientais, como o Ibama ou a Polícia Ambiental, que possuem treinamento para lidar com esse tipo de situação.
“Esses animais já estão sob estresse extremo quando aparecem na cidade. Qualquer tentativa de aproximação pode deixá-los ainda mais assustados, colocando todos em risco”.
Convivência urbana com a fauna
Nos últimos anos, têm se tornado cada vez mais comuns os registros de animais como tamanduás, capivaras, tatus, corujas e até onças em áreas urbanas e periurbanas. Esses encontros reforçam a urgência de medidas integradas de planejamento urbano, conservação ambiental e educação da população.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de Goiás, ações de monitoramento e mapeamento de corredores ecológicos estão em andamento, com o objetivo de reduzir conflitos entre humanos e a fauna silvestre. Ainda assim, especialistas afirmam que é preciso mais investimento e compromisso político para proteger o que resta do Cerrado.
Preservar o Cerrado é preservar o lobo-guará
O lobo-guará é um dos principais indicadores da saúde ambiental do Cerrado. Sua presença — ou ausência — revela muito sobre o estado do bioma. Com o avanço do desmatamento e da fragmentação dos habitats, a sobrevivência dessa espécie fica cada vez mais comprometida.
Campanhas de conscientização, proteção de áreas verdes e combate ao tráfico de animais silvestres são caminhos essenciais para reverter esse cenário. Além disso, é necessário envolver a sociedade civil no esforço de preservação.
Mín. 10° Máx. 24°