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Minissérie da Netflix resgata tragédia do Césio-137 em Goiânia com olhar humano e técnico

Uma história quase esquecida ganha vida em formato de thriller dramático o acidente de 1987 deixou quatro mortos e centenas de contaminados

28/05/2025 às 12h12 Atualizada em 29/05/2025 às 21h23
Por: Rodrigo Ferreira
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CNEN/Agência Marinha
CNEN/Agência Marinha

A Netflix anunciou a produção da minissérie Emergência Radioativa, que revisita o maior acidente radiológico fora de uma usina nuclear, ocorrido em setembro de 1987, em Goiânia. Criada por Gustavo Lipsztein, dirigida por Fernando Coimbra e produzida pela Gullane, a obra mergulha na tragédia envolvendo o Césio-137, destacando os esforços de médicos, cientistas e cidadãos comuns para conter os efeitos da contaminação.

Uma história real contada com sensibilidade e tensão dramática

A proposta da minissérie Emergência Radioativa é apresentar, em formato de thriller dramático, os eventos que cercaram o desastre radiológico que abalou o país há quase quatro décadas. Fugindo da tradicional abordagem policial, a narrativa traz múltiplos pontos de vista, com destaque para os personagens que enfrentaram o terror invisível da radiação: os cientistas, médicos e vítimas da tragédia.

Emergência Radioativa resgata, por meio da ficção, um evento histórico quase esquecido no país, mas que diz muito sobre nós enquanto nação”, afirmou o diretor Fernando Coimbra. Para ele, a escolha de protagonistas fora do padrão tradicional da dramaturgia — como profissionais da saúde e cidadãos comuns — dá à série uma identidade própria e um impacto emocional mais profundo.

O desastre invisível que paralisou Goiânia

A história começou em 13 de setembro de 1987, quando dois catadores de material reciclável encontraram um aparelho de radioterapia abandonado no antigo Instituto Goiano de Radioterapia. No interior do equipamento havia uma cápsula com 19 gramas de Césio-137, um isótopo radioativo que emitia um brilho azul hipnotizante.

Curiosos e sem noção do perigo, os homens levaram o objeto para um ferro-velho e tentaram desmontá-lo. O rompimento da cápsula liberou partículas radioativas no ambiente, contaminando não apenas os envolvidos diretamente, mas também familiares, vizinhos e outros moradores da região.

O brilho azulado, semelhante ao de pedras preciosas, atraiu crianças e adultos, e o pó radioativo foi manipulado como se fosse um brinquedo. Em poucos dias, começaram a surgir sintomas como náuseas, queimaduras, diarreia e queda de cabelo entre os moradores.

Impacto nacional e internacional

De acordo com informações do Governo de Goiás, quatro mortes foram confirmadas diretamente pela exposição à radiação. Outras 249 pessoas foram oficialmente reconhecidas como contaminadas, e mais de 110 mil passaram por exames de triagem. A tragédia ganhou repercussão internacional e expôs fragilidades graves na gestão de resíduos radioativos no Brasil.

Os efeitos do acidente se estendem até hoje, com sobreviventes que ainda sofrem consequências físicas e psicológicas. A área afetada passou por intenso processo de descontaminação, e toneladas de solo, objetos e estruturas foram isoladas ou enterradas em depósitos de rejeitos radioativos.

Minissérie como instrumento de memória e reflexão

Apesar da importância histórica e científica do acidente, o caso do Césio-137 raramente é abordado na mídia ou nos currículos escolares. A iniciativa da Netflix e da produtora Gullane busca reverter esse esquecimento, utilizando o poder da dramaturgia para promover reflexão sobre a negligência, o desconhecimento e a resiliência diante do desastre.

“Esta é uma história que precisa ser contada com responsabilidade e empatia. A série não é sobre culpabilizar, mas sobre compreender as falhas e valorizar os esforços daqueles que se arriscaram para salvar vidas”, destacou Gustavo Lipsztein, criador da minissérie.

A proposta estética e narrativa do projeto promete atrair o público não apenas pelo enredo eletrizante, mas também pelo cuidado ao lidar com um episódio real de sofrimento coletivo.

Expectativa e produção nacional valorizada

Ainda sem data de estreia confirmada, Emergência Radioativa já vem gerando expectativa por sua abordagem ousada e necessária. A parceria entre Netflix e Gullane, que já rendeu outras produções de sucesso como Bingo: O Rei das Manhãs e Irmãos Freitas, fortalece a aposta na qualidade da dramaturgia nacional.

Com um olhar técnico e humanizado, a série também se alinha à crescente demanda por narrativas que tratem de eventos históricos com profundidade e emoção, além de oferecer visibilidade para histórias brasileiras que marcaram gerações.

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