O Distrito Federal reafirma sua vocação ambiental ao figurar como a quinta capital mais arborizada do Brasil, de acordo com a pesquisa Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, divulgada pelo Censo 2022 do IBGE. A estatística mostra que 84,2% dos moradores do DF vivem em ruas com presença de árvores, índice significativamente acima da média nacional de 66%, e atrás apenas das capitais Campo Grande (MS), Goiânia (GO), Palmas (TO) e Curitiba (PR).
A capital federal conta atualmente com cerca de 6 milhões de árvores espalhadas por todas as regiões administrativas, segundo dados da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). As espécies variam entre floridas, frutíferas e sombreadoras, e mais de 200 tipos diferentes foram catalogados, sendo a maioria nativa do cerrado brasileiro, o bioma predominante na região.
No Plano Piloto, coração de Brasília, estão concentradas aproximadamente 1,5 milhão de árvores, das quais 600 mil são ipês – árvore símbolo da cidade que colore o céu da capital entre julho e setembro com flores roxo, amarelo, rosa e branco.
Além da cobertura ampla, o Distrito Federal também se destaca quando o tema é densidade arbórea nas áreas residenciais. O levantamento mostra que 56,4% dos moradores convivem com cinco ou mais árvores próximas de suas casas, quase o dobro da média nacional (32,1%).
Esse índice coloca o DF em segundo lugar no Brasil, atrás apenas do Mato Grosso do Sul (59%). As unidades federativas com os piores indicadores de densidade arbórea são o Acre (10,7%) e o Amazonas (13,7%), apesar de estarem inseridas na região amazônica.
O número expressivo de árvores é fruto de um planejamento urbano que desde a fundação da capital valoriza a integração com a natureza. O paisagismo concebido por Burle Marx, aliado a ações constantes de arborização realizadas pela Novacap, garantem à cidade uma paisagem urbana única e equilibrada.
Entre os anos de 2024 e 2025, o plano anual de arborização executado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) já promoveu o plantio de 82.614 novas árvores, reforçando o compromisso da administração com a qualidade ambiental e o combate às ilhas de calor nos centros urbanos.
Segundo a Novacap, o foco do programa está em ampliar e diversificar as espécies utilizadas, respeitando o ecossistema local e privilegiando árvores de raízes menos agressivas, com boa resistência climática e capacidade de prover sombra e abrigo à fauna urbana.
A arborização urbana do DF não é apenas estética. A presença de árvores proporciona melhora da qualidade do ar, regulação térmica, redução do ruído urbano e controle da erosão do solo. Além disso, influencia diretamente na saúde mental e bem-estar da população, promovendo espaços mais agradáveis para a convivência e prática de atividades ao ar livre.
Cidades com ruas arborizadas também tendem a apresentar valorização imobiliária, maior segurança viária (ao reduzir a incidência de calor no asfalto) e incentivam práticas sustentáveis, como caminhadas e o uso de bicicletas.
Com predominância de espécies nativas do cerrado, o DF mantém viva a flora típica do bioma, como o ipê, jatobá, pau-ferro, barbatimão, copaíba, jacarandá e o pequi, este último com forte presença cultural e gastronômica.
A preservação dessas espécies é essencial também para a manutenção da fauna local, que encontra nas copas abrigo, alimento e rotas de deslocamento. Programas de plantio em escolas, parques e áreas públicas fazem parte da estratégia do GDF para educação ambiental e engajamento da população.
Brasília tem se consolidado como referência nacional em urbanismo ecológico. O planejamento urbano idealizado por Lúcio Costa e o paisagismo de Burle Marx resultaram em largas avenidas arborizadas, eixos verdes e espaços públicos integrados à vegetação nativa.
O reconhecimento da capital como uma das cidades mais arborizadas do país é reflexo direto dessa visão integrada entre infraestrutura e natureza, sendo um exemplo concreto de como a gestão urbana pode equilibrar crescimento populacional e sustentabilidade.
Com o avanço das mudanças climáticas, as árvores urbanas se tornam ainda mais estratégicas, funcionando como barreiras naturais contra a elevação de temperatura, ampliando a permeabilidade do solo e reduzindo o risco de enchentes.
O desafio, segundo especialistas, é continuar expandindo essa cobertura de forma equilibrada, com monitoramento técnico, manutenção adequada e educação ambiental que envolva os cidadãos em todos os cantos do DF.
Mín. 15° Máx. 25°