
Rio de Janeiro-RJ – Em um movimento histórico de integração entre estados, os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e Romeu Zema (Minas Gerais) anunciaram a criação do Consórcio da Paz, uma iniciativa inédita voltada ao combate conjunto do crime organizado no país. A decisão foi oficializada após a megaoperação realizada no Rio de Janeiro, que mobilizou forças de segurança e reacendeu o debate sobre o fortalecimento da cooperação interestadual.
A coletiva de imprensa que formalizou o anúncio contou também com a presença do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, e da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, também participaram da reunião os governadores Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Tarcísio de Freitas (São Paulo) via videoconferência reforçando o caráter ampliado da iniciativa. A sede do consórcio será no Rio de Janeiro, conforme acordo entre os governadores.
De acordo com Caiado, o Consórcio da Paz tem como objetivo eliminar as barreiras geográficas que dificultam a atuação das forças policiais. “Será uma integração total entre as polícias dos estados, com operações conjuntas e trocas constantes de informações de inteligência. Não haverá mais fronteiras limitando o trabalho dos nossos policiais”, afirmou o governador de Goiás.
Caiado destacou que o novo modelo permitirá que equipes de segurança de um estado possam atuar rapidamente em outro, sem a burocracia de autorizações prévias. “Queremos que a parte operacional seja usada de forma imediata em situações emergenciais. Se um estado precisar de apoio, o deslocamento será imediato. Isso vai dar mais agilidade às ações e salvar vidas”, completou.
Durante o anúncio, Caiado lembrou os resultados alcançados pela política de segurança de seu governo, que serviram de inspiração para o consórcio. “Em Goiás, há anos não registramos assaltos a bancos, carros-fortes ou casos de novo cangaço. Essa experiência de sucesso será compartilhada com os demais estados”, ressaltou.
Segundo o governador, o trabalho de inteligência é o diferencial no enfrentamento às facções. Ele citou que um levantamento recente identificou “47 faccionados do Comando Vermelho que estavam no Rio de Janeiro, mas comandavam ações criminosas em Goiás”. Para Caiado, o fato demonstra a urgência de um esforço conjunto.
“Eles viviam no Rio como se estivessem em um resort, de onde davam ordens para crimes em outros estados. Essa zona livre para o crime precisa acabar. E só vai acabar quando todos os governadores agirem de forma unida e coordenada”, declarou.
Caiado também chamou atenção para o fenômeno da migração de criminosos para o Rio de Janeiro. Segundo ele, a falta de coordenação nacional tem permitido o fortalecimento de facções. “Não é um problema apenas do Rio. É um problema nacional. Muitos dos criminosos de outros estados migraram para lá e de lá mandam nas ações criminosas que atingem o país inteiro”, afirmou.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, reforçou a importância da independência dos estados na condução da segurança pública e aproveitou para criticar o Governo Federal. Segundo ele, há uma tentativa de centralizar o controle sobre as forças policiais.
Na mesma linha, Caiado foi enfático ao afirmar que a chamada “PEC da Segurança” é uma proposta ineficaz. “É uma PEC fake. Tudo o que ela propõe já está previsto em lei ordinária. O verdadeiro objetivo é tirar dos governadores as diretrizes gerais da segurança pública, que a Constituição de 1988 nos garante, e transferi-las para o Ministério da Justiça”, declarou.
A sede do Consórcio da Paz ficará no Rio de Janeiro, sob coordenação do governador Cláudio Castro. O local funcionará como uma central de integração e inteligência, reunindo informações estratégicas e permitindo a mobilização rápida de efetivos entre os estados consorciados.
“Com essa central, poderemos compartilhar dados em tempo real e planejar operações conjuntas com muito mais eficiência. Não estamos apenas reagindo ao crime, estamos antecipando os movimentos das organizações criminosas”, disse Castro.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, manifestaram apoio à iniciativa e sinalizaram interesse em aderir ao consórcio. “A criminalidade não respeita fronteiras. Precisamos estar juntos nessa luta”, declarou Leão.
Caiado ressaltou que o projeto está aberto a todos os estados que desejem participar e que a intenção é criar uma verdadeira aliança nacional pela segurança. “Temos uma oportunidade muito clara de mudar o rumo da segurança pública no país com integração e diálogo. Esse é o caminho para devolver a paz às nossas famílias”, concluiu.
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