
Uma das maiores operações de segurança já realizadas no Rio de Janeiro terminou em um saldo trágico. A megaoperação conjunta entre a Polícia Civil e a Polícia Militar, realizada na última terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, deixou 121 mortos — sendo 117 suspeitos e quatro policiais — e resultou na apreensão de 91 fuzis, além de pistolas, explosivos e outros armamentos.
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As imagens registradas pela Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) mostram momentos de intensa troca de tiros. Policiais civis realizaram manobras táticas de terreno em meio à tensão, durante a perseguição a criminosos ligados à facção Comando Vermelho (CV).
A ação contou com a participação de unidades de elite, como o Batalhão de Rondas Especiais, o Batalhão de Choque, o 41º BPM e o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), além de equipes da Polícia Civil.
A estratégia das forças de segurança foi seguir os traficantes durante a fuga pela Serra da Misericórdia, onde os criminosos tentavam escapar pela mata até o ponto mais alto da região. No entanto, foram surpreendidos por equipes do BOPE, que estavam posicionadas no topo do morro e formaram uma espécie de “muro” para conter a passagem.
O confronto mais intenso ocorreu justamente nessa área, considerada de difícil acesso. Segundo as autoridades, foi ali que se concentrou a maior parte das mortes registradas durante a operação.
De acordo com o balanço divulgado pelas forças de segurança, 113 traficantes foram presos, sendo 33 oriundos de outros estados, como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco.
Foram apreendidas 118 armas, das quais 91 fuzis, 26 pistolas e 14 artefatos explosivos. O prejuízo estimado ao tráfico foi de aproximadamente R$ 5,4 milhões, considerando o valor de mercado dos armamentos apreendidos.
O delegado Vinícius Domingos, coordenador da Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos (CFAE) da Polícia Civil do Rio de Janeiro, destacou um dado curioso sobre as armas apreendidas. Segundo ele, dois fuzis eram das Forças Armadas brasileiras, dois das venezuelanas, um da Argentina e um do Peru.
Além disso, cerca de 90% dos fuzis apreendidos são conhecidos como “cop fakes”, versões falsificadas de armas originais, mas com o mesmo poder de fogo letal. “Um dos fuzis apreendidos simula um modelo da empresa alemã HK. Apesar de ser uma cópia, possui aptidão de tiro e capacidade de disparo real”, explicou o delegado.
A megaoperação envolveu 2,5 mil policiais civis e militares e foi classificada pela cúpula da segurança pública como de alto risco. As forças de segurança afirmaram que o objetivo era desarticular a estrutura armada do tráfico nos complexos e interromper rotas de fuga utilizadas por criminosos fortemente armados.
Apesar dos resultados expressivos em termos de prisões e apreensões, a operação reacende o debate sobre o uso da força e o impacto das incursões policiais em áreas densamente povoadas. Organizações de direitos humanos e especialistas em segurança pública devem acompanhar de perto as investigações sobre as mortes ocorridas durante o confronto.
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