
Um áudio atribuído ao coronel Murilo Rodrigues Felício, comandante do 17º Comando Regional da Polícia Militar (CRPM), gerou repercussão nesta terça-feira (21/10) após o oficial criticar duramente a ausência de policiais militares nas ruas de Águas Lindas de Goiás durante a madrugada. Em tom indignado, o comandante afirmou que a situação o “mata de vergonha” e prometeu realizar novas rondas pessoais para fiscalizar o cumprimento das escalas de serviço.
O 17º CRPM, comandado por Murilo, tem sede em Águas Lindas e é responsável pela segurança de outras dez cidades da região, incluindo Santo Antônio do Descoberto, Alexânia e Cocalzinho de Goiás. O áudio, que circulou amplamente em grupos de WhatsApp de policiais e moradores, foi enviado aos subordinados após uma ronda surpresa feita pelo coronel.
“Estou rodando desde as 4h40 manhã, patrulhando, e não vi uma única viatura pela cidade. Os pontos de ônibus explodindo (de gente) e nem uma equipe, vocês me matam de vergonha”. O desabafo foi feito, por meio de áudio, pelo coronel da Polícia Militar, Murilo Rodrigues Felício, que comanda vários batalhões no Entorno do Distrito Federal. A crítica foi feita a militares de Águas Lindas de Goiás. O comandante prometeu punir equipes que não estiverem fazendo patrulhamento no horário de serviço.
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Durante o áudio, Murilo Rodrigues Felício não poupou críticas ao comportamento de parte da tropa. “Me matam de vergonha”, disse o coronel em um dos trechos. Ele questiona a ausência de viaturas nas ruas e a falta de iniciativa dos militares para patrulhar a cidade durante a madrugada.
Em outro momento, o comandante pergunta, em tom ríspido: “Que preguiça é essa?”. Ele afirma que, apesar de os policiais receberem salários em dia e de forma adequada, o comprometimento com o patrulhamento estaria aquém do esperado.
Murilo reforçou que pretende intensificar as fiscalizações pessoalmente. “Eu mesmo vou sair de madrugada para ver quem está nas ruas e quem não está”, afirmou. Segundo ele, a meta é garantir que, pelo menos, duas viaturas estejam rodando em cada turno de serviço.
No mesmo áudio, o coronel explicou que elaborou uma nova escala de descanso com o objetivo de melhorar o revezamento das equipes e, consequentemente, aumentar a presença da PM nas ruas. O plano, de acordo com ele, visa evitar sobrecarga dos policiais e assegurar que o policiamento ostensivo funcione de forma ininterrupta.
“Não quero ninguém cansado, mas também não aceito ver viatura parada no quartel enquanto o povo está dormindo com medo, declarou Murilo. “Temos que mostrar serviço, porque é pra isso que somos pagos.”
O áudio rapidamente se espalhou por grupos de mensagens e redes sociais, provocando debates entre policiais e moradores da cidade. Alguns elogiaram a postura do comandante, afirmando que o desabafo reflete a insatisfação da população com a ausência de patrulhas. Outros, no entanto, criticaram o tom do discurso, apontando que o coronel expôs a tropa de forma pública e desnecessária.
Apesar da repercussão, o Comando-Geral da Polícia Militar de Goiás ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Procurado pela imprensa, o coronel Murilo Rodrigues Felício também não respondeu às tentativas de contato até o fechamento desta reportagem.
Águas Lindas de Goiás, localizada no Entorno do Distrito Federal, é uma das cidades que mais enfrentam desafios relacionados à segurança pública na região. O crescimento acelerado e o déficit no efetivo policial frequentemente são apontados como fatores que dificultam a atuação da PM.
Moradores têm relatado, nas últimas semanas, aumento de furtos e assaltos em diferentes bairros. Em algumas áreas, comerciantes afirmam não ver viaturas há dias, enquanto comunidades organizam grupos de vigilância voluntária.
Com o desabafo do comandante, a expectativa é que o caso gere novas medidas internas de controle e, possivelmente, mudanças no esquema de policiamento.
Fontes ouvidas por veículos locais informaram que o áudio causou desconforto entre parte dos policiais sob o comando de Murilo. Alguns consideraram o tom da fala “exagerado”, enquanto outros afirmaram que as cobranças são “necessárias” para restabelecer a disciplina e o compromisso com o serviço.
Há expectativa de que o Comando-Geral da PMGO possa abrir uma apuração interna para entender o contexto da gravação e avaliar a conduta do oficial.
Em sua fala, Murilo reforçou que pretende manter a cobrança e acompanhar pessoalmente o cumprimento das ordens. “Vou sair em todas as madrugadas que puder. Se tiver viatura parada, vai ter punição”, advertiu o coronel.
Ele destacou ainda que a credibilidade da corporação depende da presença dos policiais nas ruas. “A sociedade precisa confiar na Polícia Militar. E isso só acontece quando a viatura está passando, quando o policial está lá fora”, afirmou.
Até o momento, nenhuma nota oficial foi publicada no site ou redes sociais da Polícia Militar de Goiás. O comando pode se manifestar nos próximos dias para esclarecer se haverá medidas disciplinares ou operacionais decorrentes da situação.
Enquanto isso, o áudio segue repercutindo nas redes e reacendendo o debate sobre a necessidade de reforço no policiamento ostensivo em Águas Lindas e demais municípios sob o 17º CRPM.
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