
Um dos projetos mais ambiciosos do setor ferroviário brasileiro começa a ganhar contornos mais definidos. A Estrada de Ferro Juscelino Kubitschek (EFJK), que pretende ligar Brasília às praias do Espírito Santo, deve ser concluída entre 2030 e 2031, segundo previsão da Petrocity Ferrovias, empresa responsável pelo empreendimento. O trajeto, que terá mais de 1.300 quilômetros de extensão, atravessará 38 municípios em quatro estados — Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo.
A proposta, que integra o programa federal Pró-Trilhos, vai muito além do transporte de cargas. O projeto também prevê, em uma segunda fase, o uso da ferrovia para o transporte de passageiros, criando uma nova opção de mobilidade entre o Centro-Oeste e o Sudeste.
De acordo com a Petrocity Ferrovias, o investimento total estimado é de R$ 15,5 bilhões. O valor abrange a construção da ferrovia e de sete portos secos, que funcionarão como hubs logísticos ao longo do percurso. Esses pontos de apoio terão papel fundamental na integração da produção agrícola e industrial do interior do país com o litoral capixaba, otimizando o escoamento de commodities e produtos manufaturados.
A ferrovia terá início no Distrito Federal, passando por um pequeno trecho de Formosa, em Goiás, antes de adentrar Minas Gerais e seguir até o município de São Mateus, no norte do Espírito Santo. Essa conexão deve fortalecer a cadeia logística nacional e criar novas oportunidades econômicas nos municípios cortados pela linha férrea.
Atualmente, o projeto encontra-se em fase de análise ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A empresa aguarda a conclusão do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), documento essencial para avaliar a viabilidade da obra e suas possíveis consequências socioambientais.
Segundo a Petrocity, a expectativa é de que o processo avance de forma consistente até o fim de 2025, permitindo o início das obras logo após a aprovação. A ferrovia também deve contribuir para a redução de custos logísticos e emissões de carbono, ao substituir parte do transporte rodoviário por trilhos — modal mais sustentável e eficiente em longas distâncias.
Embora o foco inicial seja o transporte de cargas, o projeto prevê uma segunda fase destinada ao transporte de passageiros. A inclusão de trens de alta capacidade entre Brasília e o Espírito Santo pode transformar a mobilidade entre as regiões, estimulando o turismo e o intercâmbio cultural.
Caso se concretize, o trajeto ferroviário poderá se tornar uma alternativa prática para quem busca viajar do Planalto Central às praias capixabas, com conforto e segurança.
Batizada em homenagem ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, a ferrovia reflete o espírito desenvolvimentista que marcou a construção de Brasília. A iniciativa pretende retomar o protagonismo das ferrovias no Brasil, que tiveram papel central na expansão econômica do país no século XX, mas perderam espaço nas últimas décadas para o transporte rodoviário.
A EFJK é vista por especialistas como um vetor estratégico para impulsionar o desenvolvimento regional. Ao conectar o interior produtivo ao litoral exportador, o projeto deve fortalecer cadeias produtivas agrícolas, minerais e industriais, além de estimular a criação de empregos diretos e indiretos durante as fases de construção e operação.
A expectativa é de que a ferrovia contribua para equilibrar o fluxo logístico nacional, diminuindo a dependência de rodovias e tornando o transporte de cargas mais ágil e competitivo.
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