
O Distrito Federal enfrenta, nesta primeira quinzena de outubro, uma das fases mais severas do período de estiagem. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a umidade relativa do ar segue em níveis extremamente baixos — chegando a menos de 15% — até a próxima quinta-feira (9). A combinação entre ar seco, altas temperaturas e ausência de chuvas acende o alerta para riscos à saúde e à ocorrência de incêndios florestais.
A meteorologista Camila Frez, do Inmet, explica que as condições atuais são resultado da falta de precipitação típica da época e das temperaturas que ultrapassam os 30 °C. “Cabe destacar que a umidade relativa do ar varia inversamente com a temperatura ao longo do dia, atingindo valores mais altos nas primeiras horas da manhã e os mais baixos no início da tarde”, afirmou.
Na última quinta-feira (2), o instituto emitiu alerta de grande perigo por baixa umidade, com índices em torno de 12%. O aviso reforça o cuidado da população, já que o DF registrou taxa de apenas 8% na terça-feira (30) — a menor do ano. Segundo o órgão, valores inferiores a 20% são considerados de risco para a saúde humana e podem agravar problemas respiratórios, oculares e cardiovasculares.
O Inmet também chama atenção para o risco elevado de incêndios florestais, consequência direta do tempo seco e da vegetação desidratada. Além disso, os impactos na saúde são cada vez mais visíveis. O ar seco favorece o surgimento de doenças respiratórias, alergias, dores de cabeça, irritação nos olhos e na garganta, além de maior risco de desidratação.
“Quando a umidade cai a níveis tão baixos, o corpo humano perde mais água do que o normal, e isso pode afetar desde a disposição física até o funcionamento dos rins e do sistema cardiovascular”, explica a médica Núbia Moreira, chefe do setor de Nefrologia do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).
De acordo com Núbia, a hidratação adequada é a melhor forma de proteção contra os efeitos da seca. Ela recomenda que cada pessoa consuma de 30 ml a 40 ml de água por quilo de peso corporal por dia, podendo ser até mais em casos específicos, como para quem pratica atividades físicas ou trabalha exposto ao sol.
Mas a médica destaca que hidratar-se vai além de beber água. “Hidratação não é só água, mas também pele e mucosas. É importante caprichar no creme hidratante, usar protetor labial, colírio para olho seco e soro fisiológico”, orienta.
Outro cuidado essencial é adequar a prática de atividades físicas ao clima seco. Núbia recomenda que exercícios sejam feitos apenas nas primeiras horas da manhã ou no fim da tarde, quando a temperatura é mais amena.
“A academia e a atividade física devem ficar mais para o começo da manhã ou para o fim do dia. No horário quente não é uma boa”, alerta. Ambientes também precisam de atenção
Além dos cuidados pessoais, a médica reforça a importância de adaptar o ambiente doméstico para minimizar os efeitos da baixa umidade.
“Umidificar com bacias d’água, toalhas molhadas, manter sempre o espaço bem ventilado e até usar plantas pode ajudar a melhorar a umidade”, recomenda Núbia.
A especialista também lembra que banhos muito quentes devem ser evitados, pois retiram a oleosidade natural da pele e agravam o ressecamento. “Os banhos devem ser mais rápidos e frios”, aconselha.
No campo da alimentação, a médica orienta dar preferência a frutas e vegetais ricos em água, como melancia, melão, laranja e pepino. “Esses alimentos contribuem para a hidratação, enquanto comidas muito salgadas, ricas em sódio, devem ser evitadas, porque pioram a desidratação e o controle da pressão arterial”, explica.
Ela ainda recomenda reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e café, que são diuréticos e favorecem a perda de líquidos pelo organismo.
Segundo o Inmet, não há previsão de chuva significativa para o Distrito Federal até o meio da próxima semana. As temperaturas devem permanecer elevadas durante o dia e as madrugadas tendem a ser mais amenas.
O órgão reforça que o alerta de baixa umidade deve permanecer ativo até a chegada das primeiras pancadas de chuva, que geralmente ocorrem no final de outubro ou início de novembro. Até lá, a recomendação é seguir os cuidados básicos e evitar a exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h.
Mín. 19° Máx. 32°